A divulgação da "comunidade monástica comunhão e misericórdia", e toda a história real de santa Faustina e Jesus misericordioso.
São José
Origem: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
Nota: Se
procura outros significados de São José, veja São José
(desambiguação).
São José ou José de Nazaré ou José,
o Carpinteiro1 é, segundo o Novo Testamento, o esposo de Maria e
o pai de Jesus2 3 . O nome José é a versão
lusófona do hebraico Yosef (יוסף), por meio do latim Iosephus.
Descendente da casa real de Davi, é venerado como
santo pela Igreja Ortodoxa,Igreja Anglicana, e Igreja Católica, que o celebra como seu
padroeiro universal. A Liturgia Luterana também dedica um dia ― 19 de
março ― à sua memória, sob o título de "Tutor de Nosso Senhor".
Operário, é tido como "Padroeiro dos Trabalhadores", e, pela
fidelidade a sua esposa e dedicação paternal a Jesus, como "Padroeiro das
Famílias", emprestando seu nome a muitas igrejas e lugares ao redor do
mundo.
Biografia - A Paternidade
Os Evangelhos e a Sagrada Tradição
Apostólica afirmam que o verdadeiro genitor de Jesus é Deus Pai: Maria, já tendo sido prometida em
casamento a José, concebeu miraculosamente, sem que houvesse tido relações
maritais com ninguém, por intermédio do Espírito Santo. Para o casal, tratou-se de
um momento dramático, uma vez que, quando tomou ciência de que a esposa estava
grávida de um filho que não era seu, José sentiu-se decepcionado e resolveu
romper com ela, mas sem expô-la publicamente. O evangelistaMateus assim
relata o episódio:
“
|
A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua
mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se
grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo
denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo.
|
”
|
|
— Evangelho
segundo Mateus, I,18-19, Bíblia de
Jerusalém,
|
No entanto, após uma experiência mística num
sonho, no qual um Anjo lhe aparecera, voltou atrás e
reconheceu legalmente o Menino Jesus como seu legítimo filho.
“
|
Eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em
um sonho, dizendo: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher,
pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e
tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus
pecados'. (...) José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor
lhe ordenara e recebeu em sua casa sua mulher.
|
”
|
|
— Idem, I,21-24, Bíblia de Jerusalém,
|
Tendo assumido a guarda do menino, José ficou
conhecido como suposto pai de Jesus4 . O evangelista São Lucas relata esse título:
“
|
Ao iniciar seu ministério, Jesus tinha mais ou
menos trinta anos e era, conforme se supunha, filho de José.
|
”
|
|
— Evangelho
segundo Lucas, III,23, Bíblia de Jerusalém,
|
A profissão
São José, o Carpinteiro, deGeorges de La Tour,
1640.
A profissão de José é mencionada pelo
evangelista Mateus quando afirma, no capítulo XIII e versículo 55 de seu
evangelho, que Jesus era filho de um tektōn(τέκτων): termo grego
que costuma receber várias interpretações. Ainda que a tradição lhe atribua
estritamente a profissão de carpinteiro, o fato é que o título grego é
genérico, sendo usado para designar os trabalhadores envolvidos em atividades
econômicas ligadas à construção civil. Outras vertentes costumam considerar
José como sendo um canteiro, ou seja, um
operário que talhava artisticamente blocos de rocha bruta.
Os evangelhos reivindicam que Jesus, antes de
iniciar sua vida pública, desempenhou a profissão do pai. O primeiro
evangelista que atribui-lhe o título é São Marcos, que refere-se a Jesus como
"o Carpinteiro", no capítulo VI, versículo 3 da sua narrativa
sinótica que relata uma sua visita a Nazaré na qual seus compatriotas
chamavam-no ironicamente pela profissão para desqualificá-lo como pregador.
Mateus, por sua vez, retoma o mesmo episódio na sua versão do evangelho, mas
com uma variante:
“
|
Não é o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe
dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Judas e Simão?
|
”
|
|
— Evangelho segundo Mateus, XIII, 55, Bíblia
de Jerusalém,
|
A tradicional tradução da expressão grega tektōn por carpinteiro se
deve ao fato de que os Padres da Igreja e a própria Vulgata de São Jerônimo versavam-na
para o nominativo latino făbĕr,
fabri: termo que denota o artesão.
A genealogia e vida
pré-matrimonial
As notícias dos evangelhos
sinóticos sobre São José são escassíssimas. Lucas e Mateus
narram episódios cristocêntricos em que o carpinteiro está envolvido, dizendo
que José era descendente do rei Davi e residia no pequeno povoado de Nazaré;
João apenas o menciona como membro da Sagrada Família5 ; ao passo que Marcos sequer
cita expressamente seu nome.
As versões dos dois evangelistas que
pormenorizam a árvore genealógica de
Jesus divergem no que se refere a quem teria sido o pai de José:
“
|
Jacó gerou José, o esposo de Maria da qual nasceu
Jesus chamado Cristo.
|
”
|
|
— Evangelho segundo Mateus, I, 16, Bíblia de
Jerusalém,
|
“
|
Ao iniciar seu ministério, Jesus tinha mais ou
menos trinta anos e era, conforme se supunha, filho de José, filho de Eli.
|
”
|
|
— Evangelho segundo Lucas, III, 23, Bíblia
de Jerusalém,
|
A teologia protestante tenta elucidar essa
discrepância, afirmando que Lucas, na verdade, estivesse registrando a
genealogia de Maria, ao passo que Mateus, esse sim, a de José6 . Segundo esta vertente,
Mateus segue a linhagem de José segundo a lei, remontando a Salomão, filho de Davi; Lucas, por sua vez,
estaria seguindo a linhagem consanguínea de Jesus, por meio de Maria, esposa de
José, mencionando Natã, filho de Davi. Como
não havia designação própria para genro7 , José teria sido considerado
um filho de Eli por ter se casado com Maria, filha de Eli. A interpretação é
compartilhada pela Igreja Católica, cuja tradição considera ser Eli (Eliaquim
ou Joaquim) o pai de Maria8
Mosaico na cúpula sul da
Igreja de São Salvador em Chora de Istambul, agregando os alegados filhos de
S. José à genealogia de Cristo Pantocrator.
Se por um lado os evangelhos canônicos são
reticentes em relação ao carpinteiro de Nazaré, os apócrifos oferecem detalhes
interessantes, especialmente o Protoevangelho
de Tiago, escrito provavelmente no ano de 150 que
afirma que José era originário de Belém e, antes do matrimônio com a
Virgem Maria, teria se casado com uma mulher com quem teve seis filhos: quatro
homens (Judas, José, Tiago e Simão) e duas mulheres (Lísia e Lídia). No
entanto, teria ficado viúvo bem cedo e com os filhos para educar. A Igreja Ortodoxa
acolhe esta versão, retratada nos mosaicos da Igreja
de São Salvador em Chora de Constantinopla, ainda que a Igreja Católica
rejeite essa tradição.
De acordo com os apócrifos, José, já em idade
avançada, se uniu a um grupo de homens celibatários da Palestina, todos descendentes de Davi,
reunidos por pregadores provenientes de Jerusalém. O sacerdote Zacarias teria
ordenado que todos os filhos da estirpe real fossem convocados para disputar o
matrimônio com a Virgem Maria, futura Mãe de Jesus, à época com doze anos e que
vivera por nove anos no Templo de Jerusalém.
Por indicação divina, estes homens castos conduziram até o altar o seus
cajados, dentre os quais Deus faria florir o do escolhido: José foi o
escolhido. Hesitante no começo devido a grande diferença de idade, foi
admoestado por Zacarias a se submeter à vontade divina, acolhendo a moça em sua
casa.
A vida familiar em Nazaré
Os evangelhos resumem em poucas palavras a
infância de Jesus, um período aparentemente normal, durante o qual, na oficina
de José, o menino se preparava para a sua missão. Apenas um momento escapa a
essa normalidade e é descrito por Lucas. Quando Jesus tinha 12 anos, José
levou-o juntamente com Maria em peregrinação atéJerusalém para as festividades da Páscoa. Transcorridos, porém, os dias da
festa, enquanto voltava para casa, Jesus ficou na Cidade Santa, sem que José e
Maria percebessem. Depois de tê-lo procurado por três dias entre a multidão de
peregrinos, foram finalmente encontrá-lo no templo, discutindo as Escrituras com os doutores da Lei. De acordo com o
evangelista Lucas, sua mãe o repreendeu, falando-lhe da preocupação que
afligiu-a assim como ao marido. Jesus, por sua vez, afirma ter Deus por Pai, na
presença de José.
“
|
Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse:
'Meu filho, por que agiste assim para conosco? Olha que teu pai e eu,
aflitos, te procurávamos'. Ele respondeu: 'Por que me procuráveis? Não
sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?'
|
”
|
|
— Evangelho segundo Lucas, II, 48-49, Bíblia
de Jerusalém,
|
No entanto, ainda que tivesse ciência de que
José não fosse seu genitor, o adolescente Jesus comportava-se diante dele como
um verdadeiro filho, respeitando-o. É o que confirma o trecho subsequente da
mesma narrativa de Lucas.
“
|
[Jesus] Desceu então com eles para Nazaré e
era-lhes submisso. Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos esses
fatos em seu coração.
|
”
|
|
— Idem, II, 51, Bíblia de Jerusalém,
|
A morte
A morte de
São José representada num vitralinferior na Igreja de São Austremônio de Clermontem Issoire.
Quando Jesus começou sua vida pública aos 30
anos, muito provavelmente José já era morto. De fato, sua presença não é
mencionada depois do segundo capítulo de Lucas. Soma-se à suposição o fato de
que, quando Jesus é crucificado, este confia Maria ao seu discípulo amado, o
qual, segundo o evangelista João, "A partir dessa hora, a recebeu em sua
casa"9 : uma preocupação que não
teria sentido se José ainda fosse vivo.
Os livros canônicos mantêm-se silenciosos em
relação ao término da vida de José. Há, contudo, livros apócrifos que relatam
como teriam sido as horas derradeiras do pai adotivo de Jesus. Um exemplo é a
narrativa apócrifa História
de José, o Carpinteiro, escrita entre os séculos VI-VII, e que
descreve detalhadamente o falecimento do santo. Segundo o escrito, composto em língua copta, José morreu no dia 26 do mês
egípcio de epip(20 de julho no calendário
gregoriano), aos 111 anos, gozando sempre de ótima saúde, "com
todos os dentes intactos", e trabalhando até seu último dia 10 . Avisado por um anjo sobre a
eminente morte, vai ao Templo de Jerusalém adorar a Deus e, no retorno, contrai
uma doença fatal que o faz sucumbir. Extremado em seu leito, envolto pelo temor
da morte, só encontra consolação em Jesus, o único que consegue acalmá-lo.
Circundado pela esposa e pelos filhos de um primeiro casamento, sua alma é
arrebatada pelos Arcanjos Miguel e Gabriel e conduzida ao Paraíso.
“
|
Nenhum dos que rodeavam José havia percebido a
sua morte, nem sequer minha mãe Maria. Eu confiei a alma do meu querido pai
José a Miguel e a Gabriel, para que a guardassem contra os raptores que
saqueiam pelo caminho e encarreguei os espíritos incorpóreos de continuarem
cantando canções até que, finalmente, depositaram-no junto a meu Pai no céu.
|
”
|
|
— História de José, o Carpinteiro, XXIII,
|
De acordo com o apócrifo, o próprio Jesus teria
banhado e ungido com bálsamo o corpo de José, pronunciando sobre ele uma
bênção. Não se sabe ao certo onde se encontram os restos mortais de São José.
Nas crônicas dos peregrinos que visitaram a Palestina, se encontram algumas
indicações acerca do sepulcro do santo. Duas delas apontam Nazaré e outras
duas, Jerusalém no Vale do Cédron. Não existem, no entanto,
argumentos consistentes que respandem nenhuma das alegações.
São José segundo os Escritos Patrísticos
O escopo principal dos primeiros teólogos
cristãos é o de libertar a figura do santo das várias devoções populares e das heresias provenientes de livros
apócrifos e chegar assim, por meio do estudo dos evangelhos, a um acurado exame
da genealogia de Jesus, do matrimônio de José e Maria, e da constituição da
Sagrada Família. Estes três momentos essenciais são recorrentes em suas pesquisas.
Às vezes, se acrescentam também reflexões cristológicas, para poder interpretar
certas hipóteses que se referem à lei do matrimônio, à justiça de José, e o
valor dos seus seus sonhos, mesmo que não se consiga nunca apresentar um seu
perfil biográfico.
O primeiro autor que recorda José é Justino. No Século III, Orígenes, numa homilia, quis evidenciar que "José
era justo e a sua virgem era sem mancha. A sua intenção de deixá-la se explica
pelo fato de ter reconhecido nela a força de um milagre e um mistério
grandioso. Para aproximar-se disso, ele se considera indigno". No Século IV, é a vez de Cirilo de Jerusalém, Cromácio
de Aquileia e Ambrósio de Milão ponderarem
sobre a virgindade
perpétua de Maria, sobre o matrimônio de José com ela, e sobre a
verdadeira paternidade de seu esposo. Por exemplo, Cirilo de
Alexandria propõe uma discussão na qual tenta debater a
paternidade de José, ligando-o à figura de Santa Isabel.
Segundo Cromácio
De São Cromácio, restam 18 sermões que retomam
os primeiros capítulos do evangelho de Mateus. Ele afirma: "Não
por acaso Mateus procura assegurar que Cristo Senhor nosso é descendente tanto
de Davi quanto de Abraão, já que tanto José quanto Maria trazem em sua origem a
linhagem de Davi, isto é, tem uma origem real".
No terceiro sermão, Cromácio se dedica a um
profundamento teológico da narrativa de Mateus, no capítulo I, versículos 24 e
25.
O sonho de José.
(1765-70) José Luzán. Óleo em madeira, 134 x 53 cm. Museu de Belas Artes de Zaragoza, Espanha.
(1765-70) José Luzán. Óleo em madeira, 134 x 53 cm. Museu de Belas Artes de Zaragoza, Espanha.
“
|
Continua a narrar o evangelista: Despertando do
sono, José fez como lhe havia ordenado o anjo do Senhor e tomou consigo sua
esposa, com a qual não manteve relações carnais. Ela deu à luz um filho, que
ele chamou Jesus. Assim, José é esclarecido sobre o sacramento do mistério
celeste mediante um anjo: José obedece de bom grado às recomendações do anjo;
cheio de alegria, dá execução aos divinos comandos; por isso, toma consigo a
Virgem Maria; deve estar orgulhoso das promessas que anunciam tempos novos e
alegres, porque, por uma missão única, a que lhe confia a majestade divina,
decide-se fazer mãe uma virgem, sua esposa, como ele tinha merecido ouvir
pelo anjo. Mas há uma expressão do evangelista: 'E ele não a conheceu até que
ela deu à luz um filho', que sofre uma declarações, quando gente sem critério
(os hereges e os leitores dos apócrifos) questionam-na continuamente; e dizem
que, depois do nascimento do Senhor, a Virgem Maria teria conhecido
carnalmente José. Mas a resposta à objeção movida por eles vem tanto da fé
quanto da razão: a impressão do evangelista não pode ser interpretada do modo
que entendem aqueles tolos! Deus nos livre de afirmar semelhante coisa,
depois de termos conhecido o sacramento de um tão grande mistério, da
concepção do Senhor, que se dignou nascer da Virgem Maria. (…) Noé se impôs a abstinência do dever
conjugal. Se quisermos um outro exemplo, Moisés, depois de ter percebido a voz de
Deus na sarça ardente, também ele se absteve de qualquer relação conjugal
pelo tempo subsequente. E seria permitido acreditar que José, que a Escritura
define como homem justo, tenha tido relações carnais com Maria, depois que
ela deu à luz o Senhor? A explicação do texto evangélico: 'E ele não a
conheceu até que ela deu à luz um filho' é a seguinte: frequentemente a
Escritura Divina atribui um prazo para as coisas que não tem prazo e
determina um tempo para aquelas coisas que por si não são concluídas dentro
de um determinado tempo.
|
”
|
|
— São Cromácio, Sermão III,
|
Segundo Ambrósio e Agostinho
Interpretações similares podem demonstrar também
em Santo Ambrósio esforça-se para apresentar José como um homem íntegro. Ele
adverte que o evangelista, quando explica a imaculada conceição de
Cristo, vê em José um homem justo incapaz de contaminar "Sancti
Spintus templum, ou seja, a Mãe do Senhor fecundada no seio pelo mistério do
Espírito Santo".
No comentário clássico do evangelho, feito pouco
depois do Natal de 417 por Santo Agostinho no
Sermão sobre a Genealogia de Cristo, são retomadas preciosas informações e
opiniões anteriores. José é descrito como um homem autenticamente justo, tão
justo que, quando supos que Maria tivesse adulterado, não quis denunciá-la nem
expô-la ao público cruel. Decidiu deixá-la em discretamente, já que não apenas
não queria puni-la, como tampouco acusá-la.
"Jesus encontrado no
Templo" de James Tissot .
Agostinho joga luz no significado da sua
paternidade, explicando como a Escritura queira demonstrar que Jesus não nasceu
pela descendência carnal de José, uma vez que ele se encontrava angustiado,
porque não sabia como a esposa pudesse estar grávida. Para atestar a não
paternidade de José, Agostinho cita o episódio do desaparecimento de Jesus no
templo, quando este lhe diz: "Não sabíeis que devo estar na casa de meu
Pai?".
“
|
Responde assim, porque o Filho de Deus estava no
templo de Deus. Aquele templo, de fato, não era de José, mas de Deus. Como
Maria dissera: "Teu pai e eu, aflitos, te
procurávamos", e lhe responde: "Não sabíeis que devo estar
na casa de meu Pai?". Na realidade, ele não queria fazer acreditar
que fosse filho deles sem que fosse, ao mesmo tempo, Filho de Deus. Na
verdade, enquanto Filho de Deus, ele é sempre tal e é criador de seus
próprios pais; enquanto filho do homem, por outro lado, a partir de um dado tempo,
nascido da Virgem sem consorte, tinha um pai e uma mãe.
|
”
|
|
— Idem,
|
Agostinho sente, porém, a necessidade de dizer
que Jesus não rejeita José como seu pai e, na verdade, sublinha como o jovem
Nazareno comportava-se durante a própria adolescência submetido aos seus pais,
tanto a Maria quanto a José. Para Agostinho, é muito importante explicar que a
paternidade de José, visto que as gerações são contadas segundo a sua linhagem
e não segundo a de Maria.
“
|
Enumeremos por isso as gerações ao longo da
linhagem de José, porque ao mesmo modo que é um casto marido, é também um
casto pai.
|
”
|
|
— Ibidem,
|
"São José" de El Greco.
Segundo o Pseudo-Crisóstomo e
o Pseudo-Orígenes
No Século VI José aparece nas homilias do
Pseudo-Crisóstomo e do Pseudo-Orígenes. Na homilia do Pseudo-Crisóstomo,
José é tido como um homem justo em palavras e em ações, no cumprimento da lei e
por ter recebido a graça. Por isso, mesmo pretendendo deixar secretamente
Maria, ele não duvidava das suas palavras, mas uma grande angústia enchia seu
coração e quando lhe apareceu o anjo, José se perguntou porque não se apercebeu
antes da concepção de Maria, para que aceitasse o mistério sem dificuldades.
Também na homilia do Pseudo-Orígenes, se
manifesta a intenção de refletir sobre a mensagem anterior do anjo. Ele
pergunta:
“
|
José, por que tens dúvidas? Por que tens
pensamentos imprudentes? Por que meditas sem razão? É Deus que é gestado e é
a Virgem quem o gesta. Nesta gestação, és tu aquele que ajuda e não aquele da
qual ela depende. És o servo e não o senhor, o doméstico e não o criador.
|
”
|
|
— Pseudo-Orígenes, Homiliae in
Matthaeum, Homilia VII,
|
Nos últimos séculos do primeiro milênio os
diversos aspectos da existência e da missão de José, procurando expor a
etimologia do seu nome, a descendência davídica e, sobretudo, as mesmas
realidades bíblico-teológicas.
A posição de outras religiões
Os judeus admitem a existência histórica de
José. No entanto, diversamente dos cristãos, acreditam que o título de
"Filho do Carpinteiro", atribuído a Jesus, deva-se à sua filiação
também segundo a carne. O judaísmo, portanto, não professa a concepção virginal
de Jesus, mas a atribui à ação de José.
Em alguns textos hebraicos, ainda que não
pertençam oficialmente à literatura rabínica,
há um esforço por interpretar a figura do carpinteiro de Nazaré de modo bem
diverso do tradicional. Tal é o caso do livro Toledot Yeshu, uma espécie de
antievangelho, que começa sua narrativa detalhando uma alegada transgressão de
"José Pandera", como é chamdo, o qual teria enganado Míriam, uma
virgem prometida a outro homem, fingindo ser o esposo e seduzindo-a contra sua
vontade 11 . Alguns polemistas cristãos,
aliás, têm usado o Taledot desde o Século IX para inflamar a hostilidade
contra São José
Origem: Wikipédia, a enciclopédia
livre.
Nota: Se
procura outros significados de São José, veja São José
(desambiguação).
São José ou José de Nazaré ou José,
o Carpinteiro1 é, segundo o Novo Testamento, o esposo de Maria e
o pai de Jesus2 3 . O nome José é a versão
lusófona do hebraico Yosef (יוסף), por meio do latim Iosephus.
Descendente da casa real de Davi, é venerado como
santo pela Igreja Ortodoxa,Igreja Anglicana, e Igreja Católica, que o celebra como seu
padroeiro universal. A Liturgia Luterana também dedica um dia ― 19 de
março ― à sua memória, sob o título de "Tutor de Nosso Senhor".
Operário, é tido como "Padroeiro dos Trabalhadores", e, pela
fidelidade a sua esposa e dedicação paternal a Jesus, como "Padroeiro das
Famílias", emprestando seu nome a muitas igrejas e lugares ao redor do
mundo.
Biografia - A Paternidade
Os Evangelhos e a Sagrada Tradição
Apostólica afirmam que o verdadeiro genitor de Jesus é Deus Pai: Maria, já tendo sido prometida em
casamento a José, concebeu miraculosamente, sem que houvesse tido relações
maritais com ninguém, por intermédio do Espírito Santo. Para o casal, tratou-se de
um momento dramático, uma vez que, quando tomou ciência de que a esposa estava
grávida de um filho que não era seu, José sentiu-se decepcionado e resolveu
romper com ela, mas sem expô-la publicamente. O evangelistaMateus assim
relata o episódio:
“
|
A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua
mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se
grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo
denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo.
|
”
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|
— Evangelho
segundo Mateus, I,18-19, Bíblia de
Jerusalém,
|
No entanto, após uma experiência mística num
sonho, no qual um Anjo lhe aparecera, voltou atrás e
reconheceu legalmente o Menino Jesus como seu legítimo filho.
“
|
Eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em
um sonho, dizendo: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher,
pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e
tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus
pecados'. (...) José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor
lhe ordenara e recebeu em sua casa sua mulher.
|
”
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— Idem, I,21-24, Bíblia de Jerusalém,
|
Tendo assumido a guarda do menino, José ficou
conhecido como suposto pai de Jesus4 . O evangelista São Lucas relata esse título:
“
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Ao iniciar seu ministério, Jesus tinha mais ou
menos trinta anos e era, conforme se supunha, filho de José.
|
”
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— Evangelho
segundo Lucas, III,23, Bíblia de Jerusalém,
|
A profissão
São José, o Carpinteiro, deGeorges de La Tour,
1640.
A profissão de José é mencionada pelo
evangelista Mateus quando afirma, no capítulo XIII e versículo 55 de seu
evangelho, que Jesus era filho de um tektōn(τέκτων): termo grego
que costuma receber várias interpretações. Ainda que a tradição lhe atribua
estritamente a profissão de carpinteiro, o fato é que o título grego é
genérico, sendo usado para designar os trabalhadores envolvidos em atividades
econômicas ligadas à construção civil. Outras vertentes costumam considerar
José como sendo um canteiro, ou seja, um
operário que talhava artisticamente blocos de rocha bruta.
Os evangelhos reivindicam que Jesus, antes de
iniciar sua vida pública, desempenhou a profissão do pai. O primeiro
evangelista que atribui-lhe o título é São Marcos, que refere-se a Jesus como
"o Carpinteiro", no capítulo VI, versículo 3 da sua narrativa
sinótica que relata uma sua visita a Nazaré na qual seus compatriotas
chamavam-no ironicamente pela profissão para desqualificá-lo como pregador.
Mateus, por sua vez, retoma o mesmo episódio na sua versão do evangelho, mas
com uma variante:
“
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Não é o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe
dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Judas e Simão?
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”
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— Evangelho segundo Mateus, XIII, 55, Bíblia
de Jerusalém,
|
A tradicional tradução da expressão grega tektōn por carpinteiro se
deve ao fato de que os Padres da Igreja e a própria Vulgata de São Jerônimo versavam-na
para o nominativo latino făbĕr,
fabri: termo que denota o artesão.
A genealogia e vida
pré-matrimonial
As notícias dos evangelhos
sinóticos sobre São José são escassíssimas. Lucas e Mateus
narram episódios cristocêntricos em que o carpinteiro está envolvido, dizendo
que José era descendente do rei Davi e residia no pequeno povoado de Nazaré;
João apenas o menciona como membro da Sagrada Família5 ; ao passo que Marcos sequer
cita expressamente seu nome.
As versões dos dois evangelistas que
pormenorizam a árvore genealógica de
Jesus divergem no que se refere a quem teria sido o pai de José:
“
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Jacó gerou José, o esposo de Maria da qual nasceu
Jesus chamado Cristo.
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”
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— Evangelho segundo Mateus, I, 16, Bíblia de
Jerusalém,
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“
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Ao iniciar seu ministério, Jesus tinha mais ou
menos trinta anos e era, conforme se supunha, filho de José, filho de Eli.
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”
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— Evangelho segundo Lucas, III, 23, Bíblia
de Jerusalém,
|
A teologia protestante tenta elucidar essa
discrepância, afirmando que Lucas, na verdade, estivesse registrando a
genealogia de Maria, ao passo que Mateus, esse sim, a de José6 . Segundo esta vertente,
Mateus segue a linhagem de José segundo a lei, remontando a Salomão, filho de Davi; Lucas, por sua vez,
estaria seguindo a linhagem consanguínea de Jesus, por meio de Maria, esposa de
José, mencionando Natã, filho de Davi. Como
não havia designação própria para genro7 , José teria sido considerado
um filho de Eli por ter se casado com Maria, filha de Eli. A interpretação é
compartilhada pela Igreja Católica, cuja tradição considera ser Eli (Eliaquim
ou Joaquim) o pai de Maria8
Mosaico na cúpula sul da
Igreja de São Salvador em Chora de Istambul, agregando os alegados filhos de
S. José à genealogia de Cristo Pantocrator.
Se por um lado os evangelhos canônicos são
reticentes em relação ao carpinteiro de Nazaré, os apócrifos oferecem detalhes
interessantes, especialmente o Protoevangelho
de Tiago, escrito provavelmente no ano de 150 que
afirma que José era originário de Belém e, antes do matrimônio com a
Virgem Maria, teria se casado com uma mulher com quem teve seis filhos: quatro
homens (Judas, José, Tiago e Simão) e duas mulheres (Lísia e Lídia). No
entanto, teria ficado viúvo bem cedo e com os filhos para educar. A Igreja Ortodoxa
acolhe esta versão, retratada nos mosaicos da Igreja
de São Salvador em Chora de Constantinopla, ainda que a Igreja Católica
rejeite essa tradição.
De acordo com os apócrifos, José, já em idade
avançada, se uniu a um grupo de homens celibatários da Palestina, todos descendentes de Davi,
reunidos por pregadores provenientes de Jerusalém. O sacerdote Zacarias teria
ordenado que todos os filhos da estirpe real fossem convocados para disputar o
matrimônio com a Virgem Maria, futura Mãe de Jesus, à época com doze anos e que
vivera por nove anos no Templo de Jerusalém.
Por indicação divina, estes homens castos conduziram até o altar o seus
cajados, dentre os quais Deus faria florir o do escolhido: José foi o
escolhido. Hesitante no começo devido a grande diferença de idade, foi
admoestado por Zacarias a se submeter à vontade divina, acolhendo a moça em sua
casa.
A vida familiar em Nazaré
Os evangelhos resumem em poucas palavras a
infância de Jesus, um período aparentemente normal, durante o qual, na oficina
de José, o menino se preparava para a sua missão. Apenas um momento escapa a
essa normalidade e é descrito por Lucas. Quando Jesus tinha 12 anos, José
levou-o juntamente com Maria em peregrinação atéJerusalém para as festividades da Páscoa. Transcorridos, porém, os dias da
festa, enquanto voltava para casa, Jesus ficou na Cidade Santa, sem que José e
Maria percebessem. Depois de tê-lo procurado por três dias entre a multidão de
peregrinos, foram finalmente encontrá-lo no templo, discutindo as Escrituras com os doutores da Lei. De acordo com o
evangelista Lucas, sua mãe o repreendeu, falando-lhe da preocupação que
afligiu-a assim como ao marido. Jesus, por sua vez, afirma ter Deus por Pai, na
presença de José.
“
|
Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse:
'Meu filho, por que agiste assim para conosco? Olha que teu pai e eu,
aflitos, te procurávamos'. Ele respondeu: 'Por que me procuráveis? Não
sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?'
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”
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— Evangelho segundo Lucas, II, 48-49, Bíblia
de Jerusalém,
|
No entanto, ainda que tivesse ciência de que
José não fosse seu genitor, o adolescente Jesus comportava-se diante dele como
um verdadeiro filho, respeitando-o. É o que confirma o trecho subsequente da
mesma narrativa de Lucas.
“
|
[Jesus] Desceu então com eles para Nazaré e
era-lhes submisso. Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos esses
fatos em seu coração.
|
”
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— Idem, II, 51, Bíblia de Jerusalém,
|
A morte
A morte de
São José representada num vitralinferior na Igreja de São Austremônio de Clermontem Issoire.
Quando Jesus começou sua vida pública aos 30
anos, muito provavelmente José já era morto. De fato, sua presença não é
mencionada depois do segundo capítulo de Lucas. Soma-se à suposição o fato de
que, quando Jesus é crucificado, este confia Maria ao seu discípulo amado, o
qual, segundo o evangelista João, "A partir dessa hora, a recebeu em sua
casa"9 : uma preocupação que não
teria sentido se José ainda fosse vivo.
Os livros canônicos mantêm-se silenciosos em
relação ao término da vida de José. Há, contudo, livros apócrifos que relatam
como teriam sido as horas derradeiras do pai adotivo de Jesus. Um exemplo é a
narrativa apócrifa História
de José, o Carpinteiro, escrita entre os séculos VI-VII, e que
descreve detalhadamente o falecimento do santo. Segundo o escrito, composto em língua copta, José morreu no dia 26 do mês
egípcio de epip(20 de julho no calendário
gregoriano), aos 111 anos, gozando sempre de ótima saúde, "com
todos os dentes intactos", e trabalhando até seu último dia 10 . Avisado por um anjo sobre a
eminente morte, vai ao Templo de Jerusalém adorar a Deus e, no retorno, contrai
uma doença fatal que o faz sucumbir. Extremado em seu leito, envolto pelo temor
da morte, só encontra consolação em Jesus, o único que consegue acalmá-lo.
Circundado pela esposa e pelos filhos de um primeiro casamento, sua alma é
arrebatada pelos Arcanjos Miguel e Gabriel e conduzida ao Paraíso.
“
|
Nenhum dos que rodeavam José havia percebido a
sua morte, nem sequer minha mãe Maria. Eu confiei a alma do meu querido pai
José a Miguel e a Gabriel, para que a guardassem contra os raptores que
saqueiam pelo caminho e encarreguei os espíritos incorpóreos de continuarem
cantando canções até que, finalmente, depositaram-no junto a meu Pai no céu.
|
”
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|
— História de José, o Carpinteiro, XXIII,
|
De acordo com o apócrifo, o próprio Jesus teria
banhado e ungido com bálsamo o corpo de José, pronunciando sobre ele uma
bênção. Não se sabe ao certo onde se encontram os restos mortais de São José.
Nas crônicas dos peregrinos que visitaram a Palestina, se encontram algumas
indicações acerca do sepulcro do santo. Duas delas apontam Nazaré e outras
duas, Jerusalém no Vale do Cédron. Não existem, no entanto,
argumentos consistentes que respandem nenhuma das alegações.
São José segundo os Escritos Patrísticos
O escopo principal dos primeiros teólogos
cristãos é o de libertar a figura do santo das várias devoções populares e das heresias provenientes de livros
apócrifos e chegar assim, por meio do estudo dos evangelhos, a um acurado exame
da genealogia de Jesus, do matrimônio de José e Maria, e da constituição da
Sagrada Família. Estes três momentos essenciais são recorrentes em suas pesquisas.
Às vezes, se acrescentam também reflexões cristológicas, para poder interpretar
certas hipóteses que se referem à lei do matrimônio, à justiça de José, e o
valor dos seus seus sonhos, mesmo que não se consiga nunca apresentar um seu
perfil biográfico.
O primeiro autor que recorda José é Justino. No Século III, Orígenes, numa homilia, quis evidenciar que "José
era justo e a sua virgem era sem mancha. A sua intenção de deixá-la se explica
pelo fato de ter reconhecido nela a força de um milagre e um mistério
grandioso. Para aproximar-se disso, ele se considera indigno". No Século IV, é a vez de Cirilo de Jerusalém, Cromácio
de Aquileia e Ambrósio de Milão ponderarem
sobre a virgindade
perpétua de Maria, sobre o matrimônio de José com ela, e sobre a
verdadeira paternidade de seu esposo. Por exemplo, Cirilo de
Alexandria propõe uma discussão na qual tenta debater a
paternidade de José, ligando-o à figura de Santa Isabel.
Segundo Cromácio
De São Cromácio, restam 18 sermões que retomam
os primeiros capítulos do evangelho de Mateus. Ele afirma: "Não
por acaso Mateus procura assegurar que Cristo Senhor nosso é descendente tanto
de Davi quanto de Abraão, já que tanto José quanto Maria trazem em sua origem a
linhagem de Davi, isto é, tem uma origem real".
No terceiro sermão, Cromácio se dedica a um
profundamento teológico da narrativa de Mateus, no capítulo I, versículos 24 e
25.
O sonho de José.
(1765-70) José Luzán. Óleo em madeira, 134 x 53 cm. Museu de Belas Artes de Zaragoza, Espanha.
(1765-70) José Luzán. Óleo em madeira, 134 x 53 cm. Museu de Belas Artes de Zaragoza, Espanha.
“
|
Continua a narrar o evangelista: Despertando do
sono, José fez como lhe havia ordenado o anjo do Senhor e tomou consigo sua
esposa, com a qual não manteve relações carnais. Ela deu à luz um filho, que
ele chamou Jesus. Assim, José é esclarecido sobre o sacramento do mistério
celeste mediante um anjo: José obedece de bom grado às recomendações do anjo;
cheio de alegria, dá execução aos divinos comandos; por isso, toma consigo a
Virgem Maria; deve estar orgulhoso das promessas que anunciam tempos novos e
alegres, porque, por uma missão única, a que lhe confia a majestade divina,
decide-se fazer mãe uma virgem, sua esposa, como ele tinha merecido ouvir
pelo anjo. Mas há uma expressão do evangelista: 'E ele não a conheceu até que
ela deu à luz um filho', que sofre uma declarações, quando gente sem critério
(os hereges e os leitores dos apócrifos) questionam-na continuamente; e dizem
que, depois do nascimento do Senhor, a Virgem Maria teria conhecido
carnalmente José. Mas a resposta à objeção movida por eles vem tanto da fé
quanto da razão: a impressão do evangelista não pode ser interpretada do modo
que entendem aqueles tolos! Deus nos livre de afirmar semelhante coisa,
depois de termos conhecido o sacramento de um tão grande mistério, da
concepção do Senhor, que se dignou nascer da Virgem Maria. (…) Noé se impôs a abstinência do dever
conjugal. Se quisermos um outro exemplo, Moisés, depois de ter percebido a voz de
Deus na sarça ardente, também ele se absteve de qualquer relação conjugal
pelo tempo subsequente. E seria permitido acreditar que José, que a Escritura
define como homem justo, tenha tido relações carnais com Maria, depois que
ela deu à luz o Senhor? A explicação do texto evangélico: 'E ele não a
conheceu até que ela deu à luz um filho' é a seguinte: frequentemente a
Escritura Divina atribui um prazo para as coisas que não tem prazo e
determina um tempo para aquelas coisas que por si não são concluídas dentro
de um determinado tempo.
|
”
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|
— São Cromácio, Sermão III,
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Segundo Ambrósio e Agostinho
Interpretações similares podem demonstrar também
em Santo Ambrósio esforça-se para apresentar José como um homem íntegro. Ele
adverte que o evangelista, quando explica a imaculada conceição de
Cristo, vê em José um homem justo incapaz de contaminar "Sancti
Spintus templum, ou seja, a Mãe do Senhor fecundada no seio pelo mistério do
Espírito Santo".
No comentário clássico do evangelho, feito pouco
depois do Natal de 417 por Santo Agostinho no
Sermão sobre a Genealogia de Cristo, são retomadas preciosas informações e
opiniões anteriores. José é descrito como um homem autenticamente justo, tão
justo que, quando supos que Maria tivesse adulterado, não quis denunciá-la nem
expô-la ao público cruel. Decidiu deixá-la em discretamente, já que não apenas
não queria puni-la, como tampouco acusá-la.
"Jesus encontrado no
Templo" de James Tissot .
Agostinho joga luz no significado da sua
paternidade, explicando como a Escritura queira demonstrar que Jesus não nasceu
pela descendência carnal de José, uma vez que ele se encontrava angustiado,
porque não sabia como a esposa pudesse estar grávida. Para atestar a não
paternidade de José, Agostinho cita o episódio do desaparecimento de Jesus no
templo, quando este lhe diz: "Não sabíeis que devo estar na casa de meu
Pai?".
“
|
Responde assim, porque o Filho de Deus estava no
templo de Deus. Aquele templo, de fato, não era de José, mas de Deus. Como
Maria dissera: "Teu pai e eu, aflitos, te
procurávamos", e lhe responde: "Não sabíeis que devo estar
na casa de meu Pai?". Na realidade, ele não queria fazer acreditar
que fosse filho deles sem que fosse, ao mesmo tempo, Filho de Deus. Na
verdade, enquanto Filho de Deus, ele é sempre tal e é criador de seus
próprios pais; enquanto filho do homem, por outro lado, a partir de um dado tempo,
nascido da Virgem sem consorte, tinha um pai e uma mãe.
|
”
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|
— Idem,
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Agostinho sente, porém, a necessidade de dizer
que Jesus não rejeita José como seu pai e, na verdade, sublinha como o jovem
Nazareno comportava-se durante a própria adolescência submetido aos seus pais,
tanto a Maria quanto a José. Para Agostinho, é muito importante explicar que a
paternidade de José, visto que as gerações são contadas segundo a sua linhagem
e não segundo a de Maria.
“
|
Enumeremos por isso as gerações ao longo da
linhagem de José, porque ao mesmo modo que é um casto marido, é também um
casto pai.
|
”
|
|
— Ibidem,
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"São José" de El Greco.
Segundo o Pseudo-Crisóstomo e
o Pseudo-Orígenes
No Século VI José aparece nas homilias do
Pseudo-Crisóstomo e do Pseudo-Orígenes. Na homilia do Pseudo-Crisóstomo,
José é tido como um homem justo em palavras e em ações, no cumprimento da lei e
por ter recebido a graça. Por isso, mesmo pretendendo deixar secretamente
Maria, ele não duvidava das suas palavras, mas uma grande angústia enchia seu
coração e quando lhe apareceu o anjo, José se perguntou porque não se apercebeu
antes da concepção de Maria, para que aceitasse o mistério sem dificuldades.
Também na homilia do Pseudo-Orígenes, se
manifesta a intenção de refletir sobre a mensagem anterior do anjo. Ele
pergunta:
“
|
José, por que tens dúvidas? Por que tens
pensamentos imprudentes? Por que meditas sem razão? É Deus que é gestado e é
a Virgem quem o gesta. Nesta gestação, és tu aquele que ajuda e não aquele da
qual ela depende. És o servo e não o senhor, o doméstico e não o criador.
|
”
|
|
— Pseudo-Orígenes, Homiliae in
Matthaeum, Homilia VII,
|
Nos últimos séculos do primeiro milênio os
diversos aspectos da existência e da missão de José, procurando expor a
etimologia do seu nome, a descendência davídica e, sobretudo, as mesmas
realidades bíblico-teológicas.
A posição de outras religiões
Os judeus admitem a existência histórica de
José. No entanto, diversamente dos cristãos, acreditam que o título de
"Filho do Carpinteiro", atribuído a Jesus, deva-se à sua filiação
também segundo a carne. O judaísmo, portanto, não professa a concepção virginal
de Jesus, mas a atribui à ação de José.
Em alguns textos hebraicos, ainda que não
pertençam oficialmente à literatura rabínica,
há um esforço por interpretar a figura do carpinteiro de Nazaré de modo bem
diverso do tradicional. Tal é o caso do livro Toledot Yeshu, uma espécie de
antievangelho, que começa sua narrativa detalhando uma alegada transgressão de
"José Pandera", como é chamdo, o qual teria enganado Míriam, uma
virgem prometida a outro homem, fingindo ser o esposo e seduzindo-a contra sua
vontade 11 . Alguns polemistas cristãos,
aliás, têm usado o Taledot desde o Século IX para inflamar a hostilidade
contra os judeus.
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