A divulgação da "comunidade monástica comunhão e misericórdia", e toda a história real de santa Faustina e Jesus misericordioso.
ORIENTAÇÕES
DA CNBB:
Nossa Comissão recebe inúmeros
pedidos de esclarecimentos ou orientações sobre as assim chamadas “missas de
cura” ou “missas de cura e libertação”. Trata-se de missas celebradas em
horários especiais, com a finalidade específica de obter de Deus a cura e a
libertação de todo tipo de doença. Muitas perguntas se colocam: será que esta
prática não estará passando para o povo uma compreensão reducionista ou, pior
ainda, utilitarista e mágica da missa?
Qual o verdadeiro sentido teológico-litúrgico
da celebração eucarística? Porque não usamos a bênção dos enfermos indicadas no
Ritual de Bênçãos? Porque não rezar a “Missa pelos doentes” indicada no Missal
Romano (Missa por várias necessidades, n. 32)? As intenções
que apresentamos nas Preces dos Fiéis não tem “força” ou “eficácia”? Lembramos
ainda que o Ritual da Unção dos Enfermos prevê o Rito da Unção dos Enfermos na
missa: (E Por que os
Sacerdotes não o fazem ? Preferindo que o óleo vire Zinabre por falta de uso
?). Aliás, seria muito oportuno insistir no estudo da Introdução do
Ritual da Unção dos Enfermos e sua assistência pastoral. Enfim, além de rezar
pelos doentes, é oportuno lembrar o que diz a referida introdução no no.
35:
“Os
sacerdotes lembrem-se do seu dever de visitar pessoalmente os enfermos com toda
a solicitude e de ajudá-los com generosa caridade. Compete-lhes sobretudo, ao
ministrar-lhe os sacramentos, despertar a esperança no coração dos presentes e
reanimar a fé no Cristo padecente e resssuscitado, de modo que, ao trazerem o maternal carinho da
Igreja e o consolo da fé, confortem aqueles que crêem e levem os outros a
voltarem-se para as coisas do alto”. No Conselho Permanente de 2004, iniciou-se um
estudo para oferecer “Orientações teológico-litúrgicas e pastorais a propósito
das chamadas ‘missas de cura e libertação’”.
Infelizmente,
não se chegou à conclusão deste tema
Como a questão continua a exigir
um posicionamento claro por parte de nós, Bispos, queremos encaminhar, até a
próxima Assembleia Geral uma proposta de documento a ser preparado juntamente
com outras Comissões Episcopais e ser submetido à aprovação. Convidamos os
Bispos a encaminharem para a Comissão de Liturgia subsídios, livros de canto e
orações, relato de experiências em torno destas missas para que possam
enriquecer nossa reflexão.
II –
CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ E A INSTRUÇÃO SOBRE AS ORAÇÕES PARA ALCANÇAR
DE DEUS A CURA
Introdução
O anseio de felicidade,
profundamente radicado no coração humano, esteve sempre associado ao desejo de
se libertar da doença e de compreender o seu sentido, quando se a experimenta. Trata-se
de um fenómeno humano que, interessando de uma maneira ou de outra todas as
pessoas, encontra na Igreja particular ressonância. Esta, de facto, vê a doença
como meio de união com Cristo e de purificação espiritual e, para os que lidam
com a pessoa doente, como uma ocasião de praticar a caridade. Não é só isso
porém; como os demais sofrimentos humanos, a doença constitui um momento
privilegiado de oração, seja para pedir a graça de a receber com espírito de fé
e de aceitação da vontade de Deus, seja também para implorar a cura.
A oração que
implora o restabelecimento da saúde é, pois, uma experiência presente em todas
as épocas da Igreja e naturalmente nos dias de hoje. Mas o que constitui um
fenómeno sob certos aspectos novo é o multiplicar-se de reuniões de oração, por
vezes associadas a celebrações litúrgicas, com o fim de alcançar de Deus a
cura. Em certos casos, que não são poucos, apregoa-se a existência de curas
alcançadas, criando assim a expectativa que o fenómeno se repita noutras
reuniões do género. Em tal contexto, faz-se por vezes apelo a um suposto
carisma de cura.
Essas reuniões de oração feitas
para alcançar curas põem também o problema do seu justo discernimento sob o
ponto de vista litúrgico, nomeadamente por parte da autoridade eclesiástica, a
quem compete vigiar e dar as directivas oportunas em ordem ao correcto
desenrolar das celebrações litúrgicas. Achou-se, portanto, conveniente publicar
uma Instrução, de acordo com o can. 34 do Código de Direito Canónico, que
servisse sobretudo de ajuda aos Ordinários do lugar para melhor poderem
orientar os fiéis neste campo, favorecendo o que nele haja de bom e corrigindo
o que deva ser evitado. Era porém necessário que as disposições disciplinares
tivessem como ponto de referência um fundado enquadramento doutrinal que
garantisse a sua justa aplicação e esclarecesse a razão normativa. A tal fim,
fez-se preceder a parte disciplinar com uma parte doutrinal sobre as graças de
cura e as orações para alcançá-las.
I. ASPECTOS
DOUTRINAIS
1. Doença e
cura: seu significado e valor na economia da salvação
«O homem é destinado à alegria,
mas todos os dias experimenta variadíssimas formas de sofrimento e de dor».(1) Por
isso, o Senhor, nas suas promessas de redenção, anuncia a alegria do coração
ligada à libertação dos sofrimentos (cfr. Is 30,29;
35,19; Bar 4,29). Ele é, de facto, «aquele que liberta de
todos os males» (Sab 16,8). Entre os sofrimentos, os provocados pela
doença são uma realidade constantemente presente na história humana,
tornando-se, ao mesmo tempo, objecto do profundo desejo do homem de se libertar
de todo o mal. No Antigo Testamento, «Israel tem a experiência de que a doença
está misteriosamente ligada ao pecado e ao mal».(2) Entre os castigos com que
Deus ameaça o povo pela sua infidelidade, as doenças ocupam espaço de relevo
(cfr. Dt 28,21-22.27-29.35). O doente que pede a Deus a cura
reconhece que é justamente castigado pelos seus pecados (cfr. Sal 37;
40; 106,17-21).
A doença porém atinge também os
justos e o homem interroga- se sobre o porquê. No livro de Job, essa
interrogação está presente em muitas das suas páginas. «Se é verdade que o
sofrimento tem um sentido de castigo, quando ligado à culpa, já não é verdade
que todo o sofrimento seja consequência da culpa e tenha um carácter de
punição. A figura do justo Job é uma especial prova disso no Antigo Testamento.
(...) Se o Senhor permite que Job seja provado com o sofrimento, fá-lo para
demostrar a sua justiça. O sofrimento tem carácter de prova».(3) A doença,
embora possa ter uma conotação positiva, como demonstração da fidelidade do
justo e meio de reparar a justiça violada pelo pecado, e também como forma de
levar o pecador a arrepender- se, enveredando pelo caminho da conversão,
continua todavia a ser um mal. Por isso, o profeta anuncia os tempos futuros em
que não haverá mais desgraças nem invalidez, e o decurso da vida nunca mais
será interrompido com doenças mortais (cfr. Is 35,5-6; 65,19-20).
É todavia no Novo Testamento que
encontra plena resposta a interrogação porque a doença atinge também os justos.
Na actividade pública de Jesus, as suas relações com os doentes não são
casuais, mas constantes. Cura a muitos deles de forma prodigiosa, tanto que
essas curas milagrosas tornam-se uma característica da sua actividade: «Jesus
percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas suas sinagogas, pregando o
Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades» (Mt 9,35;
cfr. 4,23). As curas são sinais da sua missão messiânica (cfr. Lc 7,20-23).
Manifestam a vitória do reino de Deus sobre todas as espécies de mal e
tornam-se símbolo do saneamento integral do homem, corpo e alma. Servem, de
facto, para mostrar que Jesus tem o poder de perdoar os pecados (cfr. Mc 2,1-
12); são sinais dos bens salvíficos, como a cura do paralítico de Betsaida
(cfr. Jo 5,2-9.19-21) e do cego de nascença (cfr. Jo 9).
Também a primeira evangelização,
segundo as indicações do Novo Testamento, era acompanhada de numerosas curas
prodigiosas que corroboravam o poder do anúncio evangélico. Aliás, tinha sido
essa a promessa de Jesus ressuscitado, e as primeiras comunidades cristãs viam
nelas que a promessa se cumpria entre eles: «Eis os milagres que acompanharão os
que acreditarem: (...) quando impuserem as mãos sobre os doentes, ficarão
curados» (Mc 16,17-18). A pregação de Filipe na Samaria foi
acompanhada de curas milagrosas: «Filipe desceu a uma cidade da Samaria e
começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões aderiam unanimemente às
palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia. De muitos
possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes gritos, e numerosos
paralíticos e coxos foram curados» (Actos 8,5-7). São Paulo
apresenta o seu anúncio do Evangelho como sendo caracterizado por sinais e
prodígios realizados com o poder do Espírito: «não ousaria falar senão do que
Cristo realizou por meu intermédio, para levar os gentios à obediência da fé,
pela palavra e pela acção, pelo poder dos sinais e prodígios, pelo poder do
Espírito» (Rom 15,18-19; cfr. 1 Tes 1,5; 1 Cor 2,4-5).
Não é por nada arbitrário supor que muitos desses sinais e prodígios,
manifestação do poder divino que acompanhava a pregação, fossem curas
prodigiosas. Eram prodígios que não estavam ligados exclusivamente à pessoa do
Apóstolo, mas que se manifestavam também através dos fiéis: «Aquele que vos dá
o Espírito e realiza milagres entre vós procede assim por cumprirdes as obras
da Lei ou porque ouvistes a mensagem da fé?» (Gal 3,5).
A vitória messiânica sobre a
doença, aliás como sobre outros sofrimentos humanos, não se realiza apenas
eliminando-a com curas prodigiosas, mas também com o sofrimento voluntário e
inocente de Cristo na sua paixão, e dando a cada homem a possibilidade de se
associar à mesma. De facto, «o próprio Cristo, embora fosse sem pecado, sofreu
na sua paixão penas e tormentos de toda a espécie e fez seus os sofrimentos de
todos os homens: cumpria assim quanto d'Ele havia escrito o profeta Isaías
(cfr. Is 53,4-5)».(4) Mais, «Na cruz de Cristo não só se
realizou a Redenção através do sofrimento, mas também o próprio sofrimento
humano foi redimido. (...) Realizando a Redenção mediante o sofrimento, Cristo
elevou ao mesmo tempo o sofrimento humano ao nível de Redenção. Por isso, todos
os homens, com o seu sofrimento, se podem tornar também participantes do
sofrimento redentor de Cristo».(5)
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