quarta-feira, 8 de maio de 2013

Teologia da Graça

A divulgação da "comunidade monástica comunhão e misericórdia", e toda a história real de santa Faustina e Jesus misericordioso.


TEOLOGIA DA GRAÇA
O Mistério da Auto Revelação pessoal de Deus entre os homens


Introdução

A palavra «graça» “caris” possui uma linda conotação lingüística. Os franceses a traduziram com um termo popular charme – beleza, acentuando assim uma dimensão intrínseca da palavra graça. Trata-se da superação do efêmero, do vulgar. No sânscrito antigo, a palavra graça estava associada à palavra elegância que significa “andar vestido do divino”, “vestir-se da divindade”. São Paulo não cessará de afirmar que o homem novo é o homem «revestido de Cristo», ornado com a graça dele. O homem agraciado é, portanto, o homem revestido de Deus. É o homem no qual se reconhece facilmente as marcas do eterno, onde repousam as virtudes de Deus. Portanto, “ser agraciado”, “estar na graça” relembra a condição fundamental do homem, sua orientação primeira, o destino último de seu horizonte aberto pela eternidade, tal fato recompõe um aspecto muitas vezes afirmadas pelas várias filosofias antigas, que compreendia todo ser-existente como constitutivamente marcados pelo bom, belo e verdadeiro.
Somente assim o homem escapa da fugacidade vazia deste mundo, vence o tédio do não-sentido, supera a amarga dor da violência e do ódio e se lança sempre no destemido mundo do além-homem. Pois, a graça não é outra coisa senão a própria imanência dinâmica do auto-superamento que o homem faz de si mesmo, dada na mais plena gratuidade que o faz superar a si mesmo, sem precisar se ferir ou violentar-se, pois ela atua em nós conduzindo-nos em duas direções: a entrada no próprio intimissimo eu e a saída do eu em direção ao Tu supremo. “Por isto, o homem pode acolher a graça de Deus não como uma verdade a ele estranha, contraposta, heterônoma, mas como a verdade mais própria, mais íntima, não obstante ao fato de que esta jazia escondida no mais íntimo (dele e de Deus) de tal forma que eu não podia descobri-lo por si mesmo. E todavia o Deus que fala em mim é algo muito maior que o «meu eu melhor». Por isto que esta graça não é estranha aos meus ouvidos, ao contrário, ela é a coisa mais própria, mais íntima e mais próxima, ela é a minha verdade, a verdade sobre mim, uma vez que ela é a palavra que me desvela e me doa a mim mesmo”.
Deste modo, podemos dizer que a graça reveste-se das características primárias e fundamentais de todo ser, é aquilo que dá fundamento às coisas, que robustece o existir humano, que firma os passos do homem e lhe desvenda horizontes abertos ao infinito, lançando a ponte capaz de recobrir o abismo profundo entre o nosso existir concreto, neste mundo, e o projetar natural de nossa aspiração para a eternidade. Também nas Sagradas Escrituras, o termo ganhou lugar na teologia da criação e na imagem do homem, revelada pela bíblia. O homem bíblico é reconhecido pelo primado da graça. O homem bíblico se reconhece criatura agraciada, participante da bondade divina. O Adão-homem é «o partner de Deus», o companheiro da graça divina, o amigo de Deus. E como Deus é a graça o homem participa desta graça primordial. São os laços da intimidade e da relação que estabelece a união profunda de Deus conosco e de nós com Deus. Era este o significado teológico inicial da compreensão bíblica do homem «imagem e semelhança de Deus».
“Tudo é graça!” (Palavras que se atribui a Santa Terezinha do Menino Jesus! – Talvez pronunciadas em suas últimas conversas!)? Pode exprimir bem a vida do santo ou do autêntico cristão e também de todo homem justo! Mas não se pode usá-la de forma simplista, como se ela justificasse tudo. De fato, não se pode negar as tristes experiências cotidianas da des-graça, do absurdo, do não-sentido, do pecado, da violência, expressões vivas daquilo que a tradição chamou de inferno, de aprisionamento do pecado e que não são graça! 1 Cor 15,10. Paulo diz: “Pela graça de Deus sou aquilo que sou!”.  § CIC 1997: “A graça é uma participação na vida de Deus. Introduz-nos na intimidade da vida trinitária”.  § O Filosofo J.G.Hamann do séc. XVIII: “O Ser que originário é VERDADE, o ser que comunicado/participado é graça”. § Santo Tomás de Aquino: “Quando se diz que um tem a graça de Deus, se quer indicar um dom sobrenatural produzido por Deus no homem.
Contudo, às vezes se denomina graça de Deus o mesmo amor eterno de Deus (STh I-II, q.110, a. 1). Mas sabemos hoje que existe uma grande dificuldade em assinalar de forma precisa o conceito de graça, sobretudo pelo fato de que o termo é o mais denso de significado teológico, e Deus não se deixa aprisionar por conceitos e idéias. Mas é própria da teologia se arriscar numa linguagem possível, ainda que limitada e às apalpadelas do significado da Graça! A palavra graça não goza de uma reputação unívoca no mundo moderno, “A palavra e o conceito da graça são hoje privados de significado no mundo que assumiu totalmente o caráter da autonomia do mundo e do homem”. “Como sujeito dogmático a graça tornou-se fórmula estática, e até esclerosada da teologia. Palavra amorfa e estéril”, “Graça” parece associar-se ao mundo feudal, ao sentido de vassalagem, realidade que hoje é totalmente rejeitada pelo homem contemporâneo: Ela servia para exprimir a relação do superior que concede “graça” ao inferior.
O curso faz parte da área de teologia dogmática. Trata-se de um tratado de grande importância teológica. Uma expressão que se aproxima da terminologia é a “caritologia” ou “gratologia”! Mas esta expressão não teve sucesso. Na maior parte das escolas teológicas e também de autores renomados da teologia, o tratado da graça à intrinsecamente integrada ao estudo da antropologia teológica. Assim, alguns se questionaram se era necessário e conveniente um tratado sobre a Graça. ? Vários teólogos dizem que não é necessário. K. Rahner e E. Brunner são contrários a um tratado especifico (Rahner em um artigo de 1966: disse que o De gratia é muito particularizante e demasiado reducionista da Graça.). ? Mas existe sérias motivações que fazem valer o tratado De Gratia, sobretudo, por focalizar-se no eixo Téo-antropológico da teologia



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