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Mais de 100 mil pessoas já foram mortas na Síria desde o início dos conflitos em 2011
Mais de 100 mil pessoas já foram mortas na Síria desde o início dos conflitos em 2011
Os ministros das Relações Exteriores da Rússia e dos Estados Unidos
deram início nesta quinta-feira a uma reunião crucial sobre o plano para
colocar o arsenal de armas químicas da Síria sob controle internacional.
Apesar de ambos manifestarem apoio a uma negociação diplomática com o
governo de Bashar Al-Assad, espera-se que o processo de negociação seja longo e
tenso, na medida em que os dois países buscam chegar a um acordo sobre os
termos do desarmamento. Em uma coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, os
dois representantes diplomáticos também manifestaram divergências sobre o grau
de confiança no comprometimento da Síria com a proposta.
O ministro russo Sergei Lavrov disse que a solução da questão das armas
químicas na Síria tornaria qualquer intervenção militar dos Estados Unidos
desnecessária. Ele afirmou que é preciso que os países se afastem da ideia de
confronto militar e que negociações bem-sucedidas podem levar a uma reunião
"Genebra 2".
O secretário de Estado americano John Kerry afirmou que somente a ameaça
de uso da força estimulou a Síria a aceitar abrir mão de seu arsenal, mas que
ele espera que a diplomacia possa evitar a ação militar. Ele disse que as
expectativas para a reunião eram altas - especialmente para a Rússia. "Isso
não é um jogo...tem que ser real, tem que ser abrangente, tem que ser
verificável, tem que ser crível, tem que ser implementado com prazos
específicos. E finalmente, é preciso que haja consequências caso (o acordo) não
seja cumprido", disse Kerry. "O presidente Obama deixou claro que se
a diplomacia falhar, a força pode ser necessária." A ONU confirmou nesta
quinta-feira que recebeu documentos da Síria se comprometendo a aderir à
Convenção sobre Armas Químicas, que proíbe a produção e o uso de tais
armamentos. De acordo com Farhan Haq, porta-voz das Nações Unidas, os
documentos estão sendo traduzidos.
'Factível, mas difícil'
Horas antes,
o presidente da Síria, Bashar al-Assad, havia confirmado em entrevista a uma TV
russa nesta quinta-feira que entregará as armas químicas do país ao controle
internacional.
Assad disse
à TV Rossiya 24 que ele entregaria as armas um mês após assinar os documentos.
"A Síria está colocando suas armas químicas sob controle
internacional por causa da Rússia. As ameaças dos Estados Unidos não
influenciaram nossa decisão", disse. O presidente sírio disse que irá
apresentar informações sobre seu arsenal químico um mês após adotar a
convenção, o que seria uma "prática normal". Mas o uso da expressão
pareceu irritar Kerry. "Eu vi relatos de que o regime sírio sugeriu que,
como parte do processo normal, eles devem ter 30 dias para apresentar datos
sobre seu arsenal de armas químicas. Nós acredtamento que não há nada de normal
acerca deste processo no momento, por causa da forma como o regime se
comportou, devido não só à existência dessas armas, mas por porque elas foram
usadas", disse. Lavrov pareceu repreender Kerry pelo comentário político,
dizendo: "A diplomacia gosta de silêncio". O correspondente da BBC em
Genebra, James Robbins, disse que essas negociações são críticas porque
pretendem por fim a dois anos e meio de impasse a respeito da Síria. Robbins
diz que as equipes americana e russa são excepcionalmente grandes - cheias de
especialistas em armas, assim como diplomatas.
Kerry e Lavrov discutem o plano russo para desarmamento da Síria A
ideia, segundo ele, é que negociações mais detalhadas sobre os aspectos
práticos do desarmamento químico acontecerão em paralelo com as duras trocas
políticas entre Kerry e Lavrov. Autoridades americanas disseram que a proposta
russa é "factível, mas difícil".
Processo de desarmamento
A adesão da Síria à Convenção sobre Armas Químicas é a primeira das três
fases previstas do plano apresentado pela Rússia na segunda-feira, em uma
tentativa de evitar um ataque dos Estados Unidos contra o território sírio. A
proposta determina ainda que que a Síria revele onde suas armas químicas estão
guardadas e divulgue detalhes de seu programa, além de prever que especialistas
decidam sobre as medidas específicas a serem tomadas em relação a essas armas. Se
as negociações em Genebra forem bem-sucedidas, os EUA esperam que o processo de
desarmamento seja acertado em uma resolução no Conselho de Segurança da ONU.
No entanto, a Rússia considera inaceitável qualquer resolução prevendo o
uso da força militar ou responsabilizando o governo de Damasco pelos ataques
químicos. Moscou, apoiada pela China, já rejeitou anteriormente projetos de
resoluções condenando o governo de Assad. De acordo com a ONU, mais de 100 mil
pessoas já foram mortas na Síria desde o início dos conflitos, em 2011.
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